O teste de sexagem fetal permite a identificação do sexo da criança a partir da oitava semana de gravidez. Para entender como o teste funciona, é necessário retroceder algumas décadas.
No final do século 20, os pesquisadores demonstraram que um pequeno número de células do feto atravessa a barreira placentária e penetra na circulação materna. Mais tarde, observou-se que existe também DNA fetal circulando no sangue materno. Hoje, sabe-se que existe um fluxo bidirecional de células e de DNA durante toda a gravidez.
O DNA fetal é removido rapidamente da circulação materna, com vida média em torno de duas horas. Contudo, como existe um fluxo contínuo de DNA fetal para a mãe, o DNA fetal pode ser analisado a partir de amostra do sangue materno. Entre a 8ª e a 17ª semanas de gestação, cerca de 3% do DNA presente na circulação materna é de origem fetal, atingindo cerca de 6% no final da gravidez.
Qual a finalidade?
Este conhecimento despertou grande interesse e abriu um leque de possibilidades de aplicações no diagnóstico pré-natal. Até então, para se obter uma amostra de DNA fetal era necessário utilizar-se de métodos invasivos tais como a punção do cordão umbilical (cordocentese), punção de líquido amniótico e biópsia de placenta. Agora, com a simples coleta de uma amostra de sangue da mãe, é possível determinar o sexo genético e muito em breve estarão disponíveis exames para o diagnóstico pré-natal de outras enfermidades de origem genética, tais como Beta-talassemia, Acondroplasia, Síndrome de Down, Hemofilia e outras.
Como é feito?
As mulheres possuem dois cromossomos X (46,XX); e os homens, um cromossomo X e um Y (46,XY). Portanto, no diagnóstico do sexo genético fetal são utilizadas sondas moleculares específicas para segmentos de DNA existentes apenas no cromossomo Y, que é exclusivo do sexo masculino. Para a realização do exame são coletados 10 ml de sangue em tubo a vácuo com anticoagulante EDTA. A gestante deve preencher um questionário com informações relevantes para a interpretação do exame e assinar um termo de consentimento no qual ela concorda com os termos e limitações do método. O índice de acerto do exame varia conforme a idade gestacional. Veja a tabela:
É importante ressaltar que o teste é muito seguro e que os erros são raríssimos. Algumas vezes pode haver divergência entre os resultados do teste de sexagem fetal e o resultado da ultrassonografia (USG) e, segundo a experiência acumulada em vários serviços, o índice de acerto do teste molecular é superior ao da USG.